Televisão de Cachorro – 1998

Press Release

Antônio Carlos Miguel  [Ref: ExtraFu]

O mais interessante e original grupo surgido no pop brasileiro nos anos 90, o quarteto mineiro Pato Fu, traz novas doses de invenção e boas surpresas em Televisão de Cachorro. Produzido por Dudu Marote, este quarto disco mantém o saboroso coquetel de referências que marca a banda: rocks pesados e canções melódicas, instrumental eletrônico ou caipira, pop até a medula ou experimentalismos. Tudo isso convive num sedutor blend, com o inconfundível aroma e sabor do Pato Fu.

A receita é até simples, desde que se tenha os ingredientes e condições necessárias: quatro músicos que rendem tão bem no estúdio quanto no palco, bom e diversificado repertório, um talentoso e antenado produtor, vontade e liberdade para ousar e muitas pitadas de carisma. Coisas que não faltam a John (guitarra, violão, programação e vocal), Fernanda Takai (violão e vocal), Ricardo Koctus (baixo e vocal) e Xande Tamietti (bateria).

A letra de A Necrofilia da Arte, música de abertura do CD, foi escrita por Rubinho Troll em cima da melodia de um clássico tropicalista de Gilberto Gil, Alfômega. Troll é um velho comparsa do Pato Fu e já tinha fornecido a música Mamãe Ama é o Meu Revólver, gravada pelo grupo no segundo disco. Em meio à canções originais, quase todas assinadas por John, principal compositor do grupo, eles recriam Eu Sei, um dos clássicos do Legião Urbana, que vinha sendo um sucesso nos shows do Pato Fu. Já Tempestade, do grupo braziliense Maskavo Roots, ganhou roupagem bem diferente da original, com direito à citação de In Between Days, de Robert “Cure” Smith. Por sinal, na última edição do Hollywood Rock, em 96, o Pato Fu pôde encontrar com Robert Smith e trocar figurinhas com o líder do Cure. Ainda entre o material de outros, o CD traz Spaceballs, The Ballad, de Bob Faria (Yellowfante) e o rockão Nunca Diga, de Frank Jorge.

Com a pena afiada de sempre, John assina da raivosa Licitação à jazzy Vivo Num Morro, passando pelo rock com pitadas de ska Um Dia, Um Ladrão e pela balada Canção pra Você Viver Mais.

Aproveitando a letra da deliciosa canção título, tudo o que está dentro deste CD é tudo o que o pop brasileiro precisava para se manter de pé. Televisão de Cachorro é fiel a uma trilha aberta em 1993, quando o grupo estreou com Rotomusic de Liquidificapum, pelo selo Cogumelo. Contratado por Maurício Valladares para o seu selo Plug, da BMG, o Pato Fu gravou no ano seguinte, ao lado do produtor Carlos Savalla, Gol de Quem?. Depois desse gol de placa, eles fizeram, em 1996, Tem mas Acabou. E agora outro…

DUDU MAROTE, o produtor

O convite: A gente já se conhecia e se admirava há alguns anos. Fizemos uma experiência em Abril/97 e eu adorei todos eles. A impressão minha é que o entusiasmo foi mútuo e isso resultou na convocação para produzir o disco novo.
Primeiras impressões: Conheci no 2o álbum, só conhecendo o 1o um pouco depois. A banda é brilhante, as pessoas são muito inteligentes. Conhecendo-os um pouco mais profundamente, fiquei surpreso o quanto carinhosos eles são na relação com as pessoas. Sobre o trabalho: O disco não é meu. Portanto, vai ser o que o Pato Fu quer. O Dudu Marote é instrumento para que banda consiga chegar melhor e mais fácil aos seus objetivos. E qual é o objetivo? Mostrar que o Pato Fu quer dizer para o maior número de pessoas que eles quiserem atingir. Mas o Pato Fu não é e nunca será o Skank, o Kid Abelha, o Racionais MC's . O Pato Fu é e sempre será o Pato Fu, com muita identidade, e, se Deus quiser, muito sucesso, quem sabe, inclusive na mídia. E se a gente gosta mesmo de cada uma das pessoas que compõe a banda, a gente tem que torcer para que eles façam muito sucesso. A gente tá trabalhando muito para que eles cheguem as pessoa sem deixar de ser Pato Fu.
Trabalhar com a banda: Finalmente consegui chegar a um resultado que fiquei bem contente ao produzir um disco. Como eles são muito espertos, cada idéia foi se multiplicando muito. Além disso, a evolução da Fernanda como cantora foi inacreditável.
Método de Gravação: Um quase inédito no país. Música por música. Normalmente não é assim: grava-se todas as baterias, depois todos os baixos, as guitarras e assim por diante...
Novidade tecnológicas: Gravamos num computador Power Mac 9600/300 em vez de se usar a fita. Isso facilitou muito as idéias. Estamos mixando numa mesa de som de um milhão de dólares, aliás, inaugurando-a. A primeira do hemisfério Sul .
Minha preferida? Difícil. Vou citar três: Boa Noite, O Mundo não mudou, Morro. TV de cachorro
Influências: Ativação e objetividade das idéias. O John chegou a me dar aula sobre algumas coisas de funcionamento da guitarra. Gravamos takes de bateria mais ousados do que qualquer coisa que fizemos antes.
O que há de mais forte no Pato Fu: A inteligência e o tema das letras, a atitude e o timbre lindo de voz da Fernanda.
Relação de Amizade: Muito carinho. Vamos ver se se mantém depois de terminarmos o trabalho. Afinal, estamos juntos todo dia há dois meses.

John sobre Dudu: "Tudo que sei aprendi com Dudu Marote!"

Nome do álbum

Coliseu Penelaqui – John: “Coliseu Penelaqui”, significa “Cole Seu Pneu Aqui”, uma placa que vimos em uma borracharia aqui em BH. Achamos que um erro monumental de português como esse cabia dentro daquela música…

O nome do CD seria Coliseu Penelaqui?!: Na verdade, o “Coliseu” era um nome que não era um nome… Foi uma brincadeira que fizemos com o Jô Soares, ainda no inicio da turnê do Tem Mas Acabou… E como todo mundo acreditou e gostou, o disco acabou sendo “batizado” assim. Mas no momento em que realmente paramos pra pensar no nome, percebemos que ele não era tão bom assim, que era apenas uma boa piada… E daí descobrimos “Televisão De Cachorro”, um nome com muitos mais significados subliminares… E que gerava idéias “gráficas” de capa e show bem melhores também.

Fernanda: “Foi muito difícil dar esse nome. Foi uma escolha visual”. [Ref: TV Queijo Elétrico]

Sobre o aumento do número de músicas cantadas pela Fernanda

John: Bem, eu sempre faço músicas pensando na Fernanda cantar... Quando não fica legal com ela é que eu tento cantar. Como ela está cada vez melhor e mais versátil, ela está cantando mais músicas, o que é uma coisa que todos nos queríamos faz tempo...

Fernanda: É, no começo até era o contrário, né? Eu cantava duas músicas, o John cantava sete e o Ricardo três. Neste disco eu canto dez, o John canta duas e o Ricardo uma. É uma coisa que aconteceu gradualmente na nossa carreira, no Gol de Quem? eu vim cantando seis músicas, no Tem mas acabou eu cantei sete ou oito, não me lembro bem, e isso é um reflexo do show. No show eu já cantava mais. E os nossos shows eram o que fazia mais sucesso. A gente sempre fez mais shows, do que vendeu discos, então a gente adotou a fórmula dos shows. Usamos o repertório em que eu cantava mais até porque o John está no auge como compositor, as canções que ele tem feito me dizem mais respeito. Eu sempre fui muito exigente com o que eu canto, então às vezes tinha música que ele fazia pra eu cantar nos outros discos que eu recusava, dizia: "ah, essa eu não quero...". Mas agora ele está muito bem, tanto que eu estou cantando sete músicas dele [Ref: AlterNETive].

Turnê Televisão de Cachorro – Show em Belo Horizonte